sábado, 19 de setembro de 2015

A Igreja, o Estado laico e os povos tradicionais

O COMIN participou do Mutirão Ecumênico 2015 - Sulão VIII, que aconteceu entre os dias 28 a 30 de agosto em Florianópolis (SC). O encontro tematizou “A missão da Igreja no Estado laico” sob o lema “Venha a nós o teu reino” (Mateus 6.10), tendo como objetivo refletir e criar ações ecumênicas que colaborem com a cidadania, o fortalecimento de um Estado democrático e uma sociedade mais justa. Clique aqui e confira a matéria na íntegra.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Mutirão Ecumênico/ Sulão VIII – A Missão da Igreja no Estado Laico


O evento começou no dia 28 de agosto, em Florianópolis e reuniu cerca de 200 pessoas. Marcou o início do encontro um momento místico e memorial dos eventos anteriores com boas vindas aos presentes. A canção convida incessantemente para viver um momento novo em tempos de intolerância e ressignificação do que é um Estado Laico. Durante a canção “Momento Novo”, jovens se levantaram de mãos dadas e circularam pelo auditório. 

A pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Daniela Schmid, fez uma profunda reflexão sobre o significado da cruz, introduzindo ao tema do mutirão, “A missão da Igreja no Estado Laico”, e lema: “Venha a nós o teu Reino”. A pastora ressalta que a oração do Pai-Nosso não é uma barganha com Deus e sim um momento de intimidade e espiritualidade com a criação. Daniela fala da cruz dos clamores e das dores, mas, ressalta que ela é o caminho também dos sonhos e da esperança.
Durante a chegada as pessoas receberam uma cruz para que nela também escrevessem seus clamores e suas esperanças e foram convidadas a pendurá-las em uma rede de pesca. Para encerrar a abertura foram chamadas autoridades das diversas denominações e entidades parceiras para uma breve reflexão e acolhida para o Sulão. 

Na manhã do dia 29 a dinâmica seguiu com a mesa redonda e as  assessorias de Dom Leonardo Steiner, Secretário Geral da CNBB; o Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) Oneide Bobsin, das Faculdades EST; Dr. Pedro Simon, ex-Senador da República e a Pastora Romi do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Na parte da tarde, foram oferecidas temáticas em nove oficinas. Para encerrar as atividades do sábado, uma noite cultural com temas ilhéus motivaram a confraternização dos participantes do Sulão VIII - Mutirão Ecumênico. 

Manhã de sábado do Mutirão Ecumênico/ Sulão VIII e os elementos do Estado Laico


Por meio da oração abre-se a vida para a realidade de Deus, assim se cria uma nova e quando se pede: “Venha a nos o teu Reino”, pede-se que Deus faça brotar em nós aquilo que é do Reino.  As Igrejas e/ou Denominações não são o Reino, mas, fazem parte dele, e assim, como uma fração de um mundo diverso que é a sociedade elas precisam estar atentas aos clamores e anseios da diversidade. “A Missão da Igreja no Estado Laico”, tema do Mutirão Ecumênico/ Sulão VIII, instigou o aprofundamento na posição que todo cristão deve assumir como uma partícula neste universo de ideias e ideais e da pluralidade sonhada por Deus. 

Para dar continuidade ao evento, no dia 29, a secretária do CONIC, Pastora Romi Benck, aponta as perspectivas do Conselho sobre o ponto de vista bíblico, sociológico e político que embasam a discussão da Igreja dentro do Estado. Olhando a partir da bíblia e as discussões do antigo testamento é possível perceber nas escrituras as críticas ao Estado, aos reinados, às monarquias não havia uma relação de cooperação. “O Conic compreende que a separação entre Igreja e Estado é saudável para as próprias religiões, porque o Estado precisa ser neutro para que a gente tenha a coexistência o convívio entre todas as religiões”, explica a Pastora. Dentro desta colocação entende-se que nenhuma religião deve ser mais privilegiada que a outra. 

Na perspectiva da legislação brasileira tem-se o entendimento de cooperação entre Religiões e Estado, no entanto, a configuração do atual congresso de ter a maior bancada representativa religiosa e polêmica, muitas questões são problematizadas. “A atuação religiosa hoje no âmbito da sociedade brasileira é uma participação um tanto quanto ambígua, porque a gente percebe o aumento da intolerância religiosa, agressões verbais à parlamentares, alianças esdrúxulas entre bancada religiosa e agronegócio”, expõe Romi. Na compreensão de liberdade religiosa é preciso garantir a cultura da paz, não à agressão e não à violência. 

Dom Leonardo Steiner, secretário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como participante da mesa deste dia, fala o ponto de vista CNBB sobre o Estado Laico. Começa conceituando a palavra “Laico”  que vem do grego e significa “do povo”, ou seja, não pertence a um determinado grupo. “A palavra Laico é muito importante porque nelas reconhecemos a laicidade do Estado”, explica Dom Leonardo. Em seguida ele conceitua o que é o Estado reforçando que é um modo de organização de um povo que também tem um determinado território. Explanou sobre o que é a Igreja e que ela é o povo de Deus. “Falamos de comunidade, que a Igreja é a assembleia, então quando se fala em Igreja não se fala em estruturas”, ressalta o Bispo. De acordo com Dom Leonardo a missão que recebemos da Igreja é construir o Reino de Deus que é para todos os seus filhos e filhas. “Hoje existe uma separação muito grande entre Igreja e Estado”, conclui. 

Compondo a mesa estava também o Pastor Oneide Bobsin, das Faculdades EST, neste ato representando a presidência da IECLB que inicia com a comparação entre Igreja e Estado e salienta que cada uma delas é um braço de Deus. “Existem coisas que são distintas, mas não são separadas”, diz Bobsin. Para reforçar o tema o Mutirão ele explica que a missão é de Deus juntamente com o Estado e a Igreja que de maneira distinta são instrumentos de algo que transcende. “Nós não podemos ver o Estado como uma coisa fora do mundo”, afirma Bobsin. É preciso fugir também do senso comum de reproduzir que a política é coisa suja e pecado.  Desta forma ao longo dos anos ela  foi demonizada e as pessoas entram na alienação de dizer que não gostam de política o que dificulta ainda mais a relação entre Igreja e Estado. 

O ex-Senador  da República Pedro Simon conclui o quadro da mesa e enfatiza que o Brasil vive um
dos momentos mais importantes da sua história em que é possível identificar que o Brasil é um país das elites. “Um grande exemplo disso é vocês nunca terem ouvido falar que um grande empresário, deputado, senador foi parar na cadeia e ser condenado, cadeia é lugar de pobre, de quem rouba galinha”, reforça Simon. De acordo com ele, o brasileiro vive hoje um grande momento de expectativa e uma grande reforma de estrutura e que há um movimento no sentido de determinar que democracia exista, que o congresso exista e que a justiça seja feita.
Plenária



Os questionamentos da plenária tomam forma a partir de uma provocação da Pastora Romi: Por que, que dentro deste contexto tão complexo e tão abrangente nós, cristãos e cristãs, não saímos da nossa zona de conforto, porque não participamos? Ela continua dizendo que viver a fé também é profecia. A partir daí os levantamentos pela assembleia foram muitos, inclusive questionando o congresso omisso que não ouve mais o apelo do povo. 

Oficinas 

O Sulão VIII ofereceu nove oficinas que ajudaram a aprofundar a missão da Igreja no Estado Laico. Mídia, violência de gênero, ensino religioso, fundamentalismo, os povos originários, meio ambiente entre outras temáticas foram aprofundadas e a partir delas surgiram encaminhamentos práticos como compromisso do evento. 

Presença dos jovens



O Mutirão Ecumênico/Sulão VIII foi um berço jovem. A juventude foi participativa com sua alegria, ideias e questionamentos. Contribuíram para a leveza do encontro e renovaram as esperanças da caminhada ecumênica. Nas celebrações deram o verdadeiro tom da diversidade e da unidade. 

Noite Cultural









Marcou a noite cultural a apresentação do Boi-de-mamão da Escola da Central Única do Trabalhador da Ponta das Canas, um pot-porri  de MPB foi apresentado pelas focolarinas, em seguida foi cantado o “Rancho de Amor à Ilha”, que foi acompanhado pelo povo formando um grande coral, citação de uma poesia e finalizou com a animação do grupo de jovens da Rede Ecumênica de Juventude (REJU) de Blumenau, que conduziu com muita alegria várias músicas e muita danças. 

Celebrações




















Os momentos espirituais do Mutirão foram muito profundos e simples. Brotaram da participação e da convivência dos grupos ao longo do encontro e transformaram o Sulão VIII em verdadeira “Ora-ação”.
Agradecimento às entidades parceiras e apoiadoras



CIER – Conselho de Igrejas para Estudo e Reflexão
IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
IEAB – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
FACASC – Faculdade Católica de Santa Catarina
CADES – EST – Centro Acadêmico Doutor Ernesto Schilipper – Faculdades EST
CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
REJU – Rede Ecumênica de Juventude-Sul
Movimento Folcolares
CDHMGB – Centro dos Direitos Humanos de Joinville Maria da Graça Braz
CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço
FLD – Fundação Luterana de Diaconia
ADVENIAT
Arquidiocese de Florianópolis
 Regional Sul 4 da CNBB
 Sínodo Norte Catarinense
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